Perfil SOBED-RJ: Dr. Vilson de Lemos

A SOBED-RJ dá continuidade a série de matérias especiais mostrando perfis de grandes nomes da Endoscopia Digestiva fluminense.

Desta vez, o nosso convidado é o Dr. Vilson de Lemos, pioneiro da Endoscopia Digestiva da Baixada Fluminense, membro da SOBED-RJ e da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

Nascido e criado em Nova Iguaçu, filho único, de família humilde, o endoscopista e gastroenterologista Dr. Vilson de Lemos encontrou na Medicina a sua grande vocação.

Para orgulho da família, conseguiu ingressar na Universidade do Estado da Guanabara, atual UERJ, onde se formou em 1966. Com a ajuda do pai conseguia pagar as passagens e os estudos.

Se interessou, inicialmente, pela área de Hepatologia, através do Dr. Fernando Alvariz, que foi seu professor no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ). No entanto, ao iniciar a Residência em Clínica Médica, no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), tomou gosto pela Endoscopia Digestiva e logo começou a fazer os primeiros exames endoscópicos.

“Os aparelhos não eram flexíveis, eram gastrocâmeras. Como residente, fiz muitos exames. Depois, vieram os fibroscópios. Após passar no concurso para o Hospital Federal de Bonsucesso, decidi comprar um aparelho Pentax. E aí comecei a fazer Endoscopia no Rio de Janeiro todo, inclusive parcelei o aparelho em muitas vezes, pois não tinha dinheiro. Aliás, nem sei se fiquei devendo (risos). Mas comprei sozinho”, recorda com orgulho.

No Hospital Federal de Bonsucesso, era o único a fazer Endoscopia Digestiva, o que mais tarde estaria a cargo do Dr. Dante Martins Dorigo e Dr. Djalma Elídio do Amaral Neto, grandes amigos da época.

“No início, só fazia biópsia. Depois, cheguei a fazer videoendoscopia e passei a tratar úlcera com sangramento. Jogava contraste também no tumor e fazia colonoscopia. Do Hospital Federal de Bonsucesso, transferi o meu emprego público para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), onde montei o Serviço de Endoscopia, na década de 80″, afirmou.

Dr. Vilson recorda com muito orgulho do dia em que se dirigiu à diretoria do Hospital Geral de Nova Iguaçu solicitando verba para que fosse criado o Serviço de Endoscopia.

“Depois de uns sete anos que o hospital havia sido inaugurado não havia este serviço. Pedi a verba e aceitaram. Deram a ordem de compra com base na relação de materiais de ponta que eu listei.  Também cheguei a fazer laparoscopias no Hospital Geral de Nova Iguaçu. Fazia biópsia de fígado, o que ninguém tinha feito lá na época”, disse.

“Eu tinha que trabalhar muito: de manhã, de tarde e de noite. Sábado e domingo também fazia endoscopia, carregando o aparelho para todo o lado. Além disso, participava de todos os congressos. Como não tinha recursos para fazer especializações no exterior, sempre lia muito revistas e livros da nossa especialidade e muitas vezes ia estudar na Biblioteca da Universidade Nacional de Medicina, no Campus Praia Vermelha, na Urca (atual UFRJ).”

Dr. Vilson de Lemos sentado na segunda cadeira da esquerda para a direita

Em 1979, concluiu a sua tese de Mestrado em Avaliação de Gastrectomizados pela PUC-RJ. Em 1982, obteve o título de especialista em Gastroenterologista e em Endoscopia Digestiva, quando se associou à SOBED-RJ.

Dr. Vilson começou a se dedicar a consultório após 15 anos de formado, alugando horários em salas de amigos médicos. Depois, montou seu próprio consultório e em  1997 construiu junto com seu filho Vilson Junior uma clínica especializada em endoscopia, que este ano, completa 25 anos (bodas de prata) e se tornou um dos maiores centros de endoscopia do Rio de Janeiro.

Dr. Vilson é contemporâneo de endoscopistas renomados, como os Drs. José Flávio, Cleber Vargas, Glaciomar Machado e Luiz Leite Luna, e fez questão de citar os nomes dos colegas durante a entrevista à SOBED-RJ.

Ele também é casado com a Sra. Mariluse Lemos, com quem teve três filhos: Vilson de Lemos Júnior, Vanilson Lemos e Vanderson Lemos, todos médicos, respectivamente: endoscopista, ortopedista e cirurgião digestivo.

Dr. Vilson de Lemos Júnior, filho e associado titular da SOBED-RJ, resume um pouco o sentimento pelo pai.

“Ele me ensinou a dedicação de estar estudando e estar com o paciente do lado. Quando eu estava na residência ele sempre me falava que eu tinha que ser “rato de hospital”, que eu tinha que dormir e viver no hospital. Afinal, era lá que eu iria aprender. Eu o via trabalhando 12 horas, estudando mais 6 horas em casa e percebi que realmente eu tinha que fazer tudo igual. Caso contrário, não daria certo. Isso foi o meu maior estímulo: ficar dentro do hospital e estudar o tempo todo”, enfatiza.

Hoje, Dr. Vilson de Lemos, é avô de 4 netos: Vitor Hugo (19), Valentina (9), Vinicius (5) e Maria Cristina (2). Com 83 anos, feliz pela família ter crescido e já aposentado, não esconde o orgulho pela carreira que construiu e pela chance que a vida lhe deu após sofrer um derrame em 2020 e ter ficado 2 meses internado, em coma.

“Sempre fui feliz no que eu fazia. O que eu faria diferente? Nada a mudar!”, diz.

E pensar que Dr. Vilson de Lemos quase foi jogador de futebol, mas não passou no teste do Bangu, por conta de uma lesão, e também não conseguiu fazer o teste do Flamengo, como gosta de contar de forma descontraída.

Mas que sempre foi craque com a bola, isso é indiscutível, como a sua esposa e o seu filho Dr. Vilson Júnior fazem questão de recordar.