fonte: Associação Paulista de Medicina
Em boletim epidemiológico divulgado na última semana, o Ministério da Saúde apresentou um comparativo de mortalidade por doenças gastrointestinais no Brasil, de 2010 a 2018. De acordo com o levantamento, só em 2018 foram 156.480 óbitos, o que equivale a 11,9% de todas as mortes do ano, sendo homens (57,7%), raça/cor/pele branca (52,9%) e idade anterior a 70 anos os mais afetados.
Entretanto, a partir dos dados oficiais de óbitos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do MS, entre 2010 e 2018, observou-se um crescimento na proporção de mortes de pretos e pardos, enquanto houve redução na proporção de óbitos de brancos.
Com relação ao sexo, em 2010, ocorreram 76.729 registros de mortes (59,3%) masculinas por doenças gastrointestinais. No mesmo período, houve 52.495 (40,6%) mortes femininas. Em 2018, o SIM apontou 90.445 (57,7%) de mortes masculinas, ao passo que foram notificados 66.215 (42,2%) óbitos femininos.
As doenças do aparelho digestivo, de acordo com os códigos de Classificação Internacional de Doenças (CID10), são infecções gastrointestinais, hepatites virais, cânceres, desordens funcionais, doenças intestinais inflamatórias, doença diverticular do intestino, doenças digestivas plenamente atribuíveis ao álcool, doença no fígado, colelitíase, pacreatites e outras enfermidades digestivas.
O levantamento sustenta que as maiores taxas são relacionadas ao sexo masculino em razão do consumo de álcool historicamente ser mais observado entre homens do que mulheres. “Vale ressaltar que esse consumo se inicia precocemente, pois entre os adolescentes brasileiros, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar no ano de 2015 demonstrou que 56,1% dos meninos já havia experimentado bebida alcoólica, sendo que desses, 64% tiveram a experimentação entre 12 e 14 anos.”
Por doença e região
Os cânceres digestivos foram a principal causa de óbito gastrointestinal, em 2018, quando comparado a 2010, atingindo ambos os sexos. “Um exemplo do impacto dos hábitos de vida nos cânceres digestivos estão os fatores de risco relacionados ao câncer de cólon e reto e estômago, dentre os quais estão a obesidade, inatividade física, tabagismo, alto consumo de carne processada, alimentação pobre em frutas e fibras e consumo excessivo de álcool”, aponta o estudo.
Roraima (79,3 por 100 mil habitantes) e Acre (68 por 100 mil habitantes) foram os estados que apresentaram as maiores taxas de óbitos. Já as menores foram observadas nos estados do Pará, Rondônia e Tocantins (Norte), Maranhão e Bahia (Nordeste) e Distrito Federal.